quarta-feira, 5 de maio de 2010

5 - calo

acordo.

mudo de roupa.
vou para a cozinha tomar café-da-manhã.
a fome inexiste.
sento no sofá. penso.
olho pela janela. reflito.
volto a sentar.
como pisar em cima do próprio calo, eu me remoo com meus pensamentos.
choro.
não quero mais chorar.
choro mais.
olho o relógio.
estou atrasada.
escovo os dentes.
- tchau mãe.
- tchau filha, boa aula.
saio.

ando sem entender por que.
ando de cabeça baixa.
olho para a frente.
avisto alguém conhecido.
será que é ele?
-não, deve ser só minha mente se confundindo de novo.
chego mais perto.
é ele.
o que eu faço?
começo a tremer.
procuro, em vão, disfarçar meu nervosismo.
-bom dia, julia.
-bom dia, erik.
andamos um ao lado do outro.
ando de cabeça baixa.
-o que você tem agora?
-matemática. e você?
-não sei, a minha sala é fixa, os professores que trocam de sala.
-ah, boa.
subimos as escadas.
levanto a cabeça.
nossos olhares se encontram.
vejo em seus olhos piedade, cautela, medo do que está por vir.
-tchau. - digo.
-tchau. - responde.
vou em direção à sala de matemática.
ouço alguém chamar seu nome.

entro.
sento no primeiro lugar que avisto.
penso.
me seguro para não desabar em lágrimas.
entra o professor.
não consigo prestar atenção.
penso. e como se pisasse em meu próprio calo, remoo-me com minhas tristezas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário