segunda-feira, 14 de junho de 2010

cochichos

"-Por que você faz isso? -perguntou.
-É que...
Riu.
-Que foi?
-Nada...
-O nada não é engraçado.
-Tábom, é que...
-É que o que?
-Tô lembrando aqui..
-Lembrando do que? Para de enrolar! Fala logo, você sabe que eu sou curiosa!
-Lembro... daqueles dias em que - suspirou -, em que nós éramos tão.. vivos. Lembro de quando eu cochichava lindas poesias nos seus ouvidos, e você, com aquele seu sorriso tão lindo, desprocupado, olhava pra mim rindo... e eu conseguia ver, pelos seus olhos, a sua alma sorrindo para mim. Lembro de muitas tardes ensolaradas em que passeávamos flutuando sobre a realidade... Lembro de quando mexia em seus cabelos depois de fazermos amor... e você adorava quando eu te chamava de petite amie.. Era tudo tão bom. Era tudo tão bom... Os dias passavam devagar, mas os meses passavam tão rápido. Aquela sensação engraçadinha, quando eu ia dormir, aquela leveza, toda a nossa ilusão... Foi amor mesmo, e que amor! Nos amamos eternamente até o acaso colocar um ponto final em nós.
Ela suspira.
-Ma belle, ma belle... e pensar que hoje estamos condenados por esse peso que se chama realidade. E pensar que há tantos como nós, lá fora, vivendo um grande amor como o nosso! E pensar que algum dia eles se desiludirão!
-Era tudo tão bom... e realmente... foi eterno enquanto durou."


Conversa de Botas Batidas

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